Família GARCIA & MIRANDA - IMIGRANTES ESPANHÓIS

A família GARCIA & MIRANDA morava em uma região conhecida por suas paisagens montanhosas, na freguesia de Laroya, província de Almería, Espanha. O patriarca, LUIZ GARCIA MARTINS, nasceu por volta de 1861 nessa região e era filho de IGNÁCIO GARCIA PÉREZ e MARIA MARTINS TORRES, ambos naturais da Espanha. A matriarca, ANTONIA MIRANDA SÁNCHEZ, nasceu por volta de 1860 e era filha de JULIÁN MIRANDA  e ANTONIA SÁNCHEZ, também naturais da Espanha. 

Antonia Miranda Sanchez e Luiz Garcia Martins

LUIZ GARCIA MARTINS casou-se com ANTONIA MIRANDA SÁNCHEZ na província de Almería, Espanha e tiveram cinco filhos na espanha:

  • IGNÁCIO GARCIA MIRANDA - Espanha (1887–1976)
  • DOLORES GARCIA MIRANDA - Espanha (1889–1971)
  • MARCIANA GARCIA MIRANDA - Espanha (1891–1953)
  • JOSÉ GARCIA MIRANDA - Espanha (1895–1901)
  • JUAN GARCIA MIRANDA - Espanha (1895–1967)
Um relato de um primo que conviveu com o IGNÁCIO GARCIA MIRANDA, revela que eles moravam na Vila de Laroya, província de Almería e que o inverno era muito rigoroso. Embora fossem católicos devotos, não gostavam de padres. O motivo pelo qual ele não gostava de padres era que eles eram agricultores e cultivavam hortaliças, e a Igreja exigia uma porcentagem da plantação, em alguns casos, até 50% da colheita. O trabalho era muito árduo e cansativo. Os padres chegavam na época da colheita, demarcavam a área que seria deles. Um certo dia, os agricultores retiraram todas as mudas da área demarcada e as entregaram aos padres, dizendo que eles mesmos poderiam plantar e cuidar, pois não iriam mais plantar de graça para eles.

Em busca de novas oportunidades, a família embarcou para o Brasil no vapor LES ALPES em 1897, partindo de Málaga, Espanha, no dia 13 de outubro de 1897, e chegando ao Porto de Santos, São Paulo, em 28 de outubro de 1897. A viagem foi custeada pelo Governo do Estado de São Paulo, que estava promovendo a imigração para atender à demanda de mão de obra nas fazendas de café paulistas.

Na lista de bordo, consta que LUIZ GARCIA MARTINS tinha 36 anos, era espanhol, agricultor, casado com ANTONIA MIRANDA SÁNCHEZ, de 37 anos, espanhola, e estavam acompanhados de seus cinco filhos:

  • IGNÁCIO, com 10 anos;
  • DOLORES, com 8 anos;
  • MARCIANA, com 6 anos;
  • JUAN, com 3 anos;
  • JOSÉ, com 2 anos;

Foi firmado um contrato entre José Antunes dos Santos e o Governo do Estado de São Paulo.


Lista de Bordo do Vapor Les Alpes (Saída)

Lista de Bordo - Les Alpes (Chegada)

No dia 18 de novembro de 1897, chegaram à Hospedaria dos Imigrantes em São Paulo. O registro descreve que LUIZ GARCIA MARTINS tinha 36 anos, era espanhol, agricultor e casado. ANTONIA MIRANDA SÁNCHEZ, por sua vez, tinha 37 anos, era espanhola, agricultora e casada. Ambos eram católicos e tinham como destino Sarandy, sob os cuidados de João Evangelista Guimarães.

Lista de Bordo do Vapor Les Alpes

Com base em pesquisas, Sarandy poderia ser uma fazenda localizada no município de Jardinópolis, perto de Batatais, São Paulo. Essa fazenda foi uma das maiores e mais importantes do estado, com destaque para o cultivo de café.

Alguns imigrantes espanhóis, desiludidos com as condições que encontraram, decidiram retornar à Espanha após um ano. Algumas famílias receberam terras, enquanto outras não tiveram as mesmas oportunidades. Aqueles que permaneceram no Brasil enfrentaram os desafios e perseveraram.

O registro mais antigo da família após se instalarem no Brasil é um óbito atribuído a JOSÉ GARCIA MIRANDA. Ele faleceu em 8 de fevereiro de 1901, em Nossa Senhora do Patrocínio do Sapucaí (atual Patrocínio Paulista), na Fazenda Taquaral, com apenas 15 meses de idade. O documento indica que ele era natural de Franca, mas não é possível confirmar se se trata de JOSÉ GARCIA MIRANDA, o filho mais novo de LUIZ GARCIA MARTINS, nascido na Espanha antes da imigração, ou de um filho nascido no Brasil. As testemunhas foram JUAN GARCIA LOPES e MANUEL GRANADO PEREZ.

LUIZ GARCIA MARTINS e ANTONIA MIRANDA SÁNCHEZ tiveram mais 7 filhos no Brasil, que são:

  • MARIA GARCIA MIRANDA – Patrocínio Paulista-SP (1901–Falecida)
  • ANTONIO GARCIA MIRANDA - Franca-SP (1903–1987)
  • LUIS GARCIA MIRANDA - Franca-SP (1903–Falecido)
  • PEDRO GARCIA MIRANDA - Franca-SP (1903– Falecido)
  • PEDRO GARCIA MIRANDA - Franca-SP (1905–1928)
  • JULIO GARCIA MIRANDA - Restinga, Franca-SP (1906–1980)
  • ANTONIA GARCIA MIRANDA - Franca-SP (1908–1996)
  • LUISA GARCIA MIRANDA - Guapuã-SP (1911–Falecida)

A primeira filha nascida no Brasil, MARIA GARCIA MIRANDA, nasceu em 10 de maio de 1901, em Nossa Senhora do Patrocínio do Sapucaí (atual Patrocínio Paulista), na Fazenda Taquaral. No registro civil, consta que seus pais, LUIZ GARCIA MARTINS e ANTONIA MIRANDA SANCHEZ, eram naturais da Província de Almería, cidade de Laroya, na Espanha.

 Registro de Nascimento de Maria Garcia Miranda: 

"Aos cinco dias do mês de maio do ano de 1901, nesta cidade de Patrocínio Paulista, no estado de São Paulo, neste cartório, compareceu Luiz Garcia Martins, acompanhado das testemunhas abaixo assinadas, e declarou que, no dia primeiro do corrente mês, à uma hora da tarde, em uma residência deste distrito, na Fazenda do Taquaral, sua esposa, Antonia Miranda Sanchez, deu à luz uma criança do sexo feminino, filha legítima do declarante. O declarante e sua esposa são espanhóis, naturais da província de Almería, cidade de Laroya. Ele é casado, lavrador e residente neste distrito. Os avós paternos da criança são Ignácio Peres Garcia e Maria Martins, ambos já falecidos. Os avós maternos são Julian Miranda Martins e Luiza Sanchez Sanchez, também falecidos. A criança nasceu com o nome de Maria Garcia Miranda. Assinaram o presente documento as seguintes testemunhas: Luiz Garcia Martins, Joaquim Rebouças Ribeiro, Euclides José e Adolfo Joaquim Teixeira."


Registro Civil Maria Garcia Miranda

Os trigêmeos ANTONIO GARCIA MIRANDA, LUIZ GARCIA MIRANDA e PEDRO GARCIA MIRANDA nasceram em Franca no dia 25 de setembro de 1903. No registro de batismo, consta que os padrinhos foram ALFONSO QUILES SÁNCHEZ e MARÍA NAVARRETE TRABALLÓN, ambos naturais de Cantoria, e PEDRO NAVARRETE GIMÉNEZ e MARIA PÉREZ PINTOR, também naturais de Cantoria.

Batismo de Pedro, Luiz e Antonio (1903)

PEDRO GARCIA MIRANDA, um dos trigêmeos, faleceu em algum momento entre 1903 e 1905, na cidade de Franca. Após o seu falecimento, nasceu o 10º filho da família, que recebeu o mesmo nome, PEDRO GARCIA MIRANDA, nascido em 29 de janeiro de 1905, também na cidade de Franca. No registro de batismo, consta que PEDRO GARCIA MIRANDA teve os mesmos padrinhos do Pedro dos trigêmeos: PEDRO NAVARRETE GIMÉNEZ e MARIA PÉREZ PINTOR, cunhados muito próximos de Luiz Garcia Martins.

Batismo de Pedro Garcia Miranda (1905)

JULIO GARCIA MIRANDA nasceu em 19 de agosto de 1906, na cidade de Restinga, São Paulo, Brasil. ANTONIA GARCIA MIRANDA nasceu em 12 de abril de 1908, em Franca, São Paulo, Brasil. LUISA GARCIA MIRANDA nasceu em 19 de novembro de 1911, em Guapuã, São Paulo, Brasil.

Batismo de Julio Garcia Miranda (1906)

LUIZ GARCIA MARTINS era compadre de GINES OLLER RAMOS, pai de MARIA DO CARMO OLLER GRANADO, que era sua nora, casada com seu filho IGNACIO GARCIA MIRANDA. No registro de nascimento de GINES OLLER GRANADO, filho de GINES OLLER RAMOS, consta LUIZ GARCIA MARTINS como testemunha. Ambos residiam na Fazenda Taquaral, localizada na cidade de Patrocínio Paulista.

Registro de Nascimento de Gines Oller Granado:

“Aos cinco dias do mês de fevereiro de 1901, na cidade de Patrocínio Paulista, neste cartório, compareceu Ginés Oller Ramos, acompanhado de testemunhas, e declarou que no dia 1º do mês corrente, neste distrito, na Fazenda do Taquaral, a senhora Maria Granado Peres deu à luz uma criança do sexo masculino.

A criança tem como avós paternos Antonio Oller Rodrigues e Francisca Ramos Garcia, e como avós maternos Ramon Fernando Fernandes e Maria Pérez Martinez. A criança foi batizada com o nome de Ginés Oller Granado.

Foram testemunhas desse ato Luiz Garcia Martins, Juan Garcia Lopes e Manuel Granado Peres.”

Batismo de Gines Oller Granado (1901)

Batismo de Gines Oller Granado (1901)

O primeiro casamento registrado da família Garcia & Miranda ocorreu em 1906, na cidade de Franca-SP, com a união de DOLORES GARCIA MIRANDA, filha dos espanhóis LUIZ GARCIA MARTINS e ANTONIA MIRANDA SANCHEZ, com JUAN NAVARRETE PÉREZ, filho de PEDRO NAVARRETE GIMÉNEZ e MARIA PÉREZ PINTOR (PINTOL), também espanhóis. Na época do casamento, as famílias já residiam na região de Franca, no estado de São Paulo.

No registro civil de casamento entre DOLORES GARCIA MIRANDAJUAN NAVARRO PEREZ consta:

“Aos três dias do mês de março do ano de mil novecentos e seis, nesta paróquia de Franca, depois de feitas as denúncias e não havendo impedimento algum, na presença do Coadjutor Padre Martinho Meirelles e das testemunhas Afonso Sanchez Garcia e Pedro Granado Peres, receberam-se em matrimônio João Navarro Pérez e Dolores Garcia Miranda. Ele, filho legítimo de Pedro Navarrete Giménez e Maria Pérez Pintor; ela, filha legítima de Luiz Garcia Martins e Antonia Miranda Sánchez. Ambos eram naturais da Espanha e residentes nesta paróquia.” Franca, São Paulo de 3 de março de 1906



Em 1910, os dois filhos de LUIZ GARCIA MARTINS e ANTONIA MIRANDA SANCHEZ, IGNÁCIO GARCIA MIRANDA e MARCIANA GARCIA MIRANDA, casaram-se no mesmo dia, em 10 de setembro de 1910, na cidade de Franca, São Paulo, Brasil. IGNÁCIO casou-se com MARIA DEL CARMEN OLLER GRANADO, e MARCIANA com RAMON SIMON LOPEZ. Ambos os cônjuges eram espanhóis e residiam na região de CRISTAIS, atual Cristais Paulista.

No registro civil de casamento entre Ignácio Garcia MirandaMaria Del Carmen consta:

“Faço saber que pretendem se casar perante a lei civil os hespanhóis Ignácio García Miranda e dona Carmen Oller Granado. Ele é filho legítimo de Luiz García Martins e dona Antônia Miranda Sanchez, natural da Hespanha, com 23 anos de idade, solteiro, de profissão lavrador, residente neste distrito. Ela filha legítima de Ginés Oller Ramos e dona Maria Granado Pérez, natural da Hespanha, com 23 anos de idade, solteira, profissão doméstica, residente neste distrito.

Cartório de Paz de Franca, 27 de agosto de 1910"

 


No registro religioso de matrimonio entre Ignácio Garcia Miranda e Maria Del Carmen consta:

“Aos 10 de setembro de 1910, nesta Igreja Matriz de Franca, após realizadas as diligências canônicas e não havendo impedimento algum, receberam o sacramento do matrimônio Ignácio García Miranda e Carmela Oller Granado. Ele, com 23 anos de idade, filho legítimo de Luiz García Martins e Antônia Miranda Sanchez, natural de Almanzora, província de Almería, Espanha, residente nesta paróquia. Ela, com 23 anos de idade, filha legítima de Ginés Oller Ramos e Maria Granado Pérez, natural de Almanzora, província de Almería, Espanha, residente nesta paróquia. ”

Casamento religioso de Ignácio Garcia Miranda com Maria do Carmo Oller Granado

Conforme o relato do primo JOSÉ INÁCIO GARCIA RAMOS, eles trabalharam na fazenda de TOQUINHO JUNQUEIRA, que tinha uma fazenda de café em Pedregulho. Eles trabalharam nessa fazenda por um ano, mas o fiscal era muito rigoroso e severo. No entanto, os espanhóis eram muito unidos e não aceitaram o tratamento que recebiam do fiscal. LUIZ GARCIA MIRANDA, então, arrendou as terras da família DIOGO, que é atualmente a Fazenda do Zé Branquinho. Ele e a família Ramos foram trabalhar e morar lá. Eles arraram um alqueire de terra (24.200m²), no enxadão, para plantar batata. Eles comiam fubá e beldroega, para juntar dinheiro e comprar as futuras terras.

Alguns registros indicam o nome de uma fazenda que servia como residência da família GARCIA & MIRANDA, a “Fazenda Pouso Alto”, localizada em Cristais Paulista. Durante meados dos anos 1930, diversos eventos importantes, como nascimentos e óbitos, ocorreram nessa fazenda.

ANTONIA MIRANDA SANCHEZ faleceu em 25 de dezembro de 1937, em CRISTAIS PAULISTA, aos 74 anos. No registro de óbito, consta que a causa foi morte natural, sem assistência médica.



LUIZ GARCIA MARTINS faleceu em 26 de julho de 1942, em CRISTAIS PAULISTA, na Fazenda Pouso Alto, aos 83 anos. No registro de óbito, também consta que a causa foi morte natural, sem assistência médica.


O declarante do falecimento de ambos foi IGNÁCIO GARCIA MIRANDA.

Alguns filhos da família se casaram e estabeleceram residência em diversas cidades do interior paulista, como FRANCA-SP, CRISTAIS PAULISTA-SP, COROADOS-SP e no Paraná em BANDEIRANTES-PR E CAFELÂNDIA-PR.

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