FAMÍLIA LIVERA

A ideia de registrar a história da família começou durante uma viagem de férias, em 2006, para o interior de São Paulo, em Cristais Paulista, quando visitamos a casa da tia Maria Garcia Oller, irmã mais velha da minha avó Antonia Garcia Oller. Na época, ela era a única tia viva, filha do meu bisavô Ignacio Garcia Miranda e minha bisavó Maria do Carmo Oller Granado, e morava em um sítio na região da Chave, em Cristais Paulista. 

Durante esse encontro, ela nos mostrou algumas fotografias e documentos dos meus bisavós espanhóis, que guardava com muito carinho. Meu pai pediu gentilmente os documentos emprestados para tirar cópias e guardá-los como lembrança no acervo histórico da família. Eram certidões de registro de estrangeiros da Polícia do Estado de São Paulo, datadas de 1942, e nelas havia uma fotografia 3x4 dos meus bisavós paternos espanhóis.

Taciana, José Inácio, tia Maria, Primo Inácio, Prima Terezinha e Marli

Com as cópias dos documentos em mãos, nasceu a necessidade de saber mais sobre os outros ancestrais que formaram nossa família. Assim, iniciamos a saga de construir a nossa árvore genealógica da família Livera.

Durante a pesquisa na internet, descobri o site MyHeritage, que oferecia a possibilidade de criar uma árvore genealógica virtual. Fiz meu cadastro no dia 15 de agosto de 2008 e, a partir daí, comecei a coletar dados e a construir a árvore da minha família.

O maior desafio foi encontrar os registros de nascimento dos meus bisavós paternos. A família do meu pai, que veio na leva de imigrantes no final do século 19 e início do século 20, veio da Itália e da Espanha. No entanto, o nome da cidade de origem deles estava errado ou indicava apenas a região, e não a cidade local, o que dificultava a busca pelas certidões de nascimento de cada imigrante.

Pesquisando na internet, descobrimos que a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias disponibilizava documentos de registros de algumas igrejas na Itália, o que nos deu esperança de encontrar o registro de nascimento do meu bisavô "José de Oliveira", italiano, nascido em 13 de abril de 1887, em Agis, Itália, filho de Arcândio de Oliveira e Maria Altavilla, conforme descrito nos documentos.

O primeiro desafio que enfrentamos foi descobrir o nome correto da cidade de origem do meu bisavô italiano. No registro de estrangeiro do meu bisavô José de Oliveira, não constava o nome da cidade de origem, apenas o país, neste caso, a Itália. No entanto, no registro de casamento do meu avô Antonio de Oliveira e no registro de óbito do meu bisavô José de Oliveira, o local de nascimento dele aparecia como 'Agis', na Itália. 

Durante uma das viagens à casa do meu avô Antonio De Oliveira em Cristais Paulista, encontramos uma caderneta de trabalho do meu bisavô José de Oliveira, onde constava que sua cidade natal era São Filipo de Agis, na Itália. Após pesquisas, descobrimos que São Filipe de Agis, na verdade, era San Filippo di Agira, o santo padroeiro da cidade de Agira, na Sicília. San Filippo di Agira era conhecido como o 'apóstolo dos sicilianos', pois foi o primeiro missionário cristão a visitar a ilha. Assim, descobrimos que a verdadeira cidade de origem era Agira, localizada na província de Enna, na Sicília.

Caderneta de trabalho de José de Oliveira

Em meados de 2010, meu pai e minha irmã decidiram visitar a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias para procurar o registro de nascimento do meu bisavô italiano na cidade de Agira. No entanto, na época, não conseguiram encontrar o documento. Mais tarde, descobrimos que a data de nascimento do meu bisavô estava errada, além do seu nome e sobrenome, mesmo sabendo que ele poderia. Na certidão de registro de estrangeiro, constava que ele havia nascido em 1887, mas, na realidade, seu nascimento ocorreu em 1888. 

Outro ponto é que, quando os imigrantes chegavam ao Brasil, os funcionários dos cartórios muitas vezes tinham dificuldade em entender os estrangeiros, o que resultava em mudanças nos nomes. Muitos deles eram "aportuguesados" para facilitar a pronúncia. No caso do meu bisavô, ele se chamava Giuseppe Livera, mas foi registrado no Brasil como José de Oliveira, uma informação que só descobrimos anos mais tarde.

Um detalhe curioso é que meu bisavô era conhecido pelo apelido "Peppe", o que reforçava a possibilidade de que seu nome verdadeiro fosse Giuseppe, já que "Peppe" é um apelido comum para Giuseppe na Itália.

Alguns anos se passaram e, em 12 de agosto de 2017, criamos uma conta no FamilySearch, plataforma gerenciada pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Durante a pesquisa de registros, decidimos buscar o nome do tio de José de Oliveira, Tio Felipe Altavilla, e encontramos o registro dele. Em seguida, procuramos o documento de José, buscando pelo ano de 1887, mas não o encontramos. Então, decidimos pesquisar pelo nome da mãe dele e encontramos um registro de nascimento de Giuseppe Livera, filho de "Maria Artavilla" e Arcangelo Livera. Todas as informações coincidiam com os dados de José de Oliveira e, naquele dia, descobrimos que nosso verdadeiro sobrenome era LIVERA.

Registro de Nascimento de Giuseppe Livera

Com essas informações em mãos, iniciamos uma nova pesquisa para localizar o registro de chegada do meu bisavô no porto de Santos. Já havíamos feito uma pesquisa anterior no acervo da plataforma do Museu da Imigração com o sobrenome "Altavilla", dos tios que vieram para o Brasil, mas o sobrenome estava registrado incorretamente como "Altovilla" nos dados da plataforma, o que dificultava a localização deles. Nesta nova tentativa, encontramos o nome de Giuseppe Livera e descobrimos que, além da família de sua tia Rosa Altavilla, com marido e filhos, e seu tio Felipo Altavilla, também sua avó Grazia Algozina estava entre os imigrantes que chegaram ao Brasil.

A cada nova pesquisa, descobríamos um novo registro de um membro da família, e assim nossa árvore genealógica foi crescendo, junto com a curiosidade e a paixão pela genealogia, que eram alimentadas a cada nova descoberta.

Neste blog, vou compartilhar a trajetória do meu bisavô Giuseppe Livera e sua família, explorando nossa árvore genealógica, as tradições italianas, a vida na lavoura de café, o caminho para a cidadania italiana, e várias outras curiosidades. Bem-vindos à fascinante história da família Livera!

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